MADRUGADA DOS MORTOS


da janela
avisto
o prenúncio
da tua chegada.
alma clara,
habitante
da sombra
da rua.
cópula
dos segredos
de dois
amantes condenados
pelo desejo carnal.
simbiose nauseante,
que martiriza
o sagrado sacrifício,
de um que rala
os joelhos no chão
e apoia as palmas
nas coxas
do outro,
que lança fora
a vocalização
do seu prazer.
quantas vezes
é possível
morrer uma vida?
sepulta-me
entre as pernas,
na cova
que cavastes tão bem.
me deixe flores,
e jamais esqueça
de em morte
manter-me regado,
como fez em vida.
desejo estar
pra eternidade,
úmido
pela santificação
da sua erótica humanidade.


Frederico Brison.

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