CULPADOS


ainda que noite,
por debaixo da sombra do mundo,
e por dentro dos fantasmas
que rumam o caminho
das minhas verdades,
e tocam cada canto
da minha áurea com seus dedos
imundos, sujos de detalhes e de promessas,
que grudam meus olhos de espera,
e depois os abrem para uma realidade
carnal, onde viver é sôfrego,
descomunal a tudo o que temos.
ainda que a noite nem seja tão noite,
e que o amanhecer já desperte por trás de nós,
peque!
não existe sentença pros pecados da noite,
os anjos não multam
o que Deus, dormindo, não vê.
a humanidade que transita a madrugada
não é arbitrada por suas escolhas,
o pecar torna-se santo,
as mentiras viram lembranças,
e todo o amor é visto como amor.
ainda que a noite já tenha acabado,
e o sol já esteja julgando os culpados,
peque!
caminhe na luz, me venha prover,
pois quem ama não liga pra nenhum pecado,
não liga pros olhos de quem queira ver.
e se porventura formos condenados,
apontados, sonegados, seja lá o que for,
que a sentença, a pena dos nossos pecados,
não seja viver sem o nosso amor.


Frederico Brison.

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