ALMA PENADA


não conheces o som do sopro da alma,
muda o silêncio versando emudecida,
salta do corpo trajando farrapos,
se oferece em agalma pros deuses da vida.

cai no vazio da boca pra fora,
penhora a matéria em troca de luz,
sustenta imperícia em sua alforria,
calada, cansada, pregada na cruz.

prematura transparência imaculada,
transitante de rumo perdido,
volta pro corpo, alma penada,
volta quietinha, feito bandido.

pula-me os muros do corpo gelado,
que perdeu sua crença de ser infinito,
e no meio das flores sendo velado,
me tire da morte, solte seu grito.


Frederico Brison.

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