CICATRIZ


nas quatro paredes marcadas de injúria,
nasceram as rezas do nosso amor;
no canto do quarto,
de onde veio o encanto do santo pecado,
encontrei morta a flor;
entrecortada, desprotegida,
condenada pelas tuas promessas que não foram cumpridas;
eu e a rosa desabrochamos pra ti nossas intimidades,
mas você era falta,
era jura,
era deus,
era o diabo,
era o cálice santificado,
que me transbordava da falta de voz;
ainda te temo meu anjo caído,
desce do morro, venha me ver,
aproveita a rua vazia,
vem pelos becos,
trás meu prazer.
vem com teu jeito de doce menino,
que por dentro oculta minha arranhadura,
a face rasgada, cicatrizes de amor,
já desça em alta temperatura,
me agrida, me fira, me mata, me viva,
dê uma história pro teu escritor.


Frederico Brison.

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