DO ACIDENTE À POESIA

aos resquícios das almas dos homens que foram,
às mentiras contadas e aos olhos abertos,
às línguas ocultas nas bocas caladas,
às mentes fechadas e às verdades incertas.

aos amantes secretos e aos segredos descrentes,
aos papas, aos padres e a todos os crentes,
às putas, às santas e aos delinquentes,
a todos que vivem no meio da gente.

aos internos, ao materno e ao patriarcado,
aos deuses, aos santos, e aos desesperados,
a tudo que é livre ou que está condenado,
a todo demônio que incita o pecado.

aos pedestres, pedintes e aos motoristas,
aos mendigos, aos ricos e aos comunistas,
aos machistas, aos bandidos e aos exorcistas,
aos viados, artistas, e aos trapezistas,
aos fascistas, aos tristes, e aos anarquistas,
à escoria, às histórias, e aos otimistas.

ao budismo, islamismo, evangelismo e aos demais,
aos ateus, aos católicos e até à satanás,
para os céus, para o purgo e para o inferno,
para o ontem, o hoje, o amanhã e o eterno.

às crianças, ao aborto e ao coito animal,
aos fetos, às gravidas e ao cerne carnal,
ao choro, ao gozo, aos gemidos de vida,
ao éter, à morte e ao homicida.

aos heróis, aos leigos e aos psicopatas,
a tudo que é lei, e a todo autocrata,
ao exílio, ao martírio e à revolução,
a todo bastardo com o cu mão.

às virgens, aos sãos, aos loucos e aos maconheiros,
aos acrobatas, aos piratas e aos traiçoeiros,
a todos os contos e a todas as prosas,
a todos os versos e a todas as horas.

a tudo que é dito e ao que se escreve,
a tudo que é lido e que se esquece,
a todo escritor e a todo leitor,
ao livro fechado e ao início da dor.

a todos citados, um pouco de amor.

Frederico Brison.

Nenhum comentário:

Postar um comentário