ÓSCULO

A boca suja,
que beija com olhos de meias verdades,
cheios de vaidades inteiras.
Compromete a elucidação das palavras
que me acariciam fases e faces
rubras e evanescidas.
Que esconde carreiras de dentes manchados,
num sorriso contrastado e ocultado
por um par de lábios negros e maduros,
que por estarem fechados para os que de fora o desejam,
encontram-se abertos para os que desejados intimamente por mim,
se deitem no oco do eco da boca e cubram-se de língua
e juras caladas, que jamais ousariam ser pronúncia,
por temor de serem abatidas por tuas mordidas,
que arrancam pedaços de vidas e de amores,
antes que se possa viver ou amar.
A boca limpa,
que beija e cala, sorri e mata,
que fecha e fala, assopra e morre,
silenciosa e vazia.

Frederico Brison.

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